8 de outubro de 2009

Nuances Linguísticas

Como admirador da linguagem humana gosto de comentar as nuances linguísticas nas minhas aulas e com amigos que gostam de discutir temas gerais como esse. Certa feita conversava com meu amigo de Chigaco, o Zack, sobre as línguas. Então proferi a seguinte frase: "Inglês é fácil, francês é bonito e português é perfeito". Ele, como estudante de antropologia e interessado no assunto, não pestanejou em anotar o que havia dito para colocar em seu trabalho. Nesse post venho a comentar alguns detalhes interessantes sobre as línguas que tenho algum conhecimento...

A primeira coisa que me toca a falar é sobre os números em francês. Bom, até o 69 segue o mesmo esquema que o português, a partir do 70 as coisas ficam um tanto inusitadas. Para falar "setenta" em francês, você fala algo como "sessenta dez", ou seja, "soixante-dix". E assim por diante... "sessenta e onze", "sessenta doze"... "soixante et onze", "soixante-douze"... Então chega no "oitenta" e você fala algo como "quatro vintes", ou seja, "quatre-vingts"... "noventa e dois" por exemplo é "quatre-vingts-douze"... se achou?!?

Outro aspecto interessante é que no italiano, bem como no francês, não se fala que "são dez para as onze". Fala-se que "são onze menos dez". Soa estranho para nós, não é? Vai entender... O pior é encontrar alguém e de cara receber um "tchau", ou melhor, "ciao". Pois é, é utilizado tanto para "oi" como para "adeus".

E os artigos definidos? No português temos quatro (a, o, as, os). Os italianos conseguiram complicar valendo, tem sete (la, l', il, lo, le, i, gli). Um amigo meu sempre falava: Pra que complicar quando se pode simplificar? Abração, tio Elói!! Sendo assim, os ingleses adotaram um único artigo (the). Barbada!

Os franceses complicaram na pronúncia das palavras. Algumas palavras contém mais de um acento gráfico, como por exemplo "téléphone", outras colocam acento em vogais diferentes, como "s'il vous plaît" ou "goût". Muitas vezes não se pronuncia as letras finais das palavras. Como você pronunciaria a palavra "ennuyeux"? Se você respondeu algo parecido com "eniê", parabéns! E a conjugação dos verbos fica prejudicada para nós, quando "ecris" e "ecrit" tem a mesma pronúncia... Já os ingleses mal conjugam verbos, é tudo a mesma coisa para todas as pessoas. "Simplifica que simples fica!" Grande professor Wagner. Contudo, é por isso que americanos vêm para o Brasil e falam coisas tipo "eu gostar muito disso".

Outra coisa bizarra são os plurais no italiano. Onde é que já se viu formar plural com vogais ao invés do bom e velho "s"?!? Enquanto "livro" vira "livros", "book" vira "books", "livre" vira "livres", no italiano "libro" vira "libri". Mais fora-da-casinha que isso são as mudanças de sexo, digo, gênero das coisas. Pra uns "carro" é feminino, assim com "mar". Já na língua inglesa, pra não ter problema, não existe gênero. Bah, isso é demais pra minha cabecinha perturbada!

Depois desta pequena análise, pois nem cheguei a comentar em falsos cognatos, complemento minha frase inicial. Inglês é fácil, francês é bonito, italiano é inútil, espanhol é enrolado, alemão é forte, línguas orientais são bizarras e português é perfeito. Explico brevemente. Inglês tem uma estrutura gramatical muito simples, por isso fácil. Francês é complicado, mas mesmo assim soa muito bem, então bonito. Italiano só é falado na Itália, portanto inútil. Espanhol nunca fui fã e pra mim é enrolado (estou sendo preconceituoso sim). Alemão passa um ar imponente, isto é, forte. As línguas orientais, tais como mandarim, japonês, russo, árabe, usam tantos símbolos e rabiscos que no final das contas são bizarros. Finalizando, o português é bastante complexo e difícil, o que faz com que muitas pessoas o desprezem, simplesmente por não entenderem direito. Isso acontece muito com a matemática também. A riqueza da nossa língua é enorme, tanto em vocabulário como em estrutura gramatical, o que possibilita inúmeras formas de se comunicar e uma maior precisão para descrever as coisas quando as palavras são bem empregadas. Quem disse que a perfeição não está atrás da complexidade?

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